quinta-feira, 3 de julho de 2014

Liga dos Anciões

 Deixei o download do jogo sendo feito, enquanto fui comer algo. Minha mãe havia feito macarrão, frango assado, batata frita e bastante alface. 

 Eu estava ficando cada vez mais gordo. Não estava com apetite, mas comi um pouco mesmo assim. Meu irmão comia tanto quanto meu pai. Diferente de mim, meu irmão gostava de esportes e não perdia tempo em computadores e vídeo games. Ele é dois anos mais novo que eu, nossas alturas é considerada mediana, mas ele era bem forte, mesmo para idade.

 Jenifer, só de pensar nela me deixava triste. Eu sou um maldito nerd, não sou bom em esportes e nem sou bonito. Maldição.

 -Como foi seu dia? - Meu pai me perguntava com desdem, ele realmente não se importava comigo, apenas com meu irmão.

 -Foi normal

 -E o seu, Campeão?

 Meu pai sempre chamava meu irmão de Campeão, eu queria ser o Campeão dele também.

 -Jogamos basquete, mas não sou muito alto pra isso, mesmo assim consegui fazer passes e roubar algumas bolas. Acho que vou ficar no futebol, talvez outro esporte, não sei ainda.

 -Mas tome cuidado, filho. - Minha mãe falava enquanto terminava de arrumar a mesa, ela se importava comigo, talvez por me achar altista... talvez eu seja.

 Meu pai era treinador de goleiros, trabalhava para diferentes times, grandes e pequenos. Minha mãe é professora de historia, vive me contando como foi os tempos de guerras pelo mundo. Meu irmão já estava sendo chamado para fazer testes para virar jogador de futebol. Enquanto eu, era apenas um viciado em jogos, minhas notas no colégio eram boas, mas nunca fui o melhor aluno, apenas em historia. Sempre gabaritei as provas de historia e algumas vezes matemática.

 -Jonathan, por que não tenta algum esporte também, sair um pouco desses jogos, curtir a vida, você ainda é jovem, aproveite - Meu pai comia a salada enquanto falava, parecia mais um ogro do que um humano comendo - talvez você seja bom e não saiba

 Sim, talvez eu seja bom, como no dia em que joguei vólei e torci o pé com um salto ridiculamente curto, ou quem sabe daquela vez que joguei futebol e a bola bateu com tanta força no meu rosto que quebrei o nariz, quem sabe quando joguei tenis de mesa e não conseguia acertar a bola na maldita mesa... Sim, talvez eu seja bom em algum esporte.

 -Claro pai, talvez eu deva tentar algo meados desse ano.

 -Meados? - meu pai não era uma fonte de inteligencia.

 -Sim, no meio do ano. - respondi com calma

 -Deveria usar palavras mais fáceis pra falar.

 Depois de comermos, ajudei minha mãe a arrumar a mesa, enquanto meu pai e meu irmão foram pra sala ver televisão. Depois de terminar eu fui para meu quarto. O download do jogo havia terminado, então instalei.

 Depois de um tempo joguei. Liga dos Anciões, parece um novo estilo de jogo, diferente de MMORPGs e RPGs, achei complicado no começo.

 Eu estava me acostumando com o personagens, digo, com os Titãs. O que era irônico já que não eram de fato titãs. Pela historia do jogo titãs era o titulo para os campeões de Gaia. Eu joguei com todos os poucos que havia.

 Então comecei a treinar apenas com Blooder, um vampiro, sua maior habilidade era roubar sangue dos adversários, não havia muita defesa comparando com todos os outros campeões, nem havia o maior ataque, mas suas habilidades eram rápidas e havia diversas formas de estrategia com ele. 

 Eu jogava apenas na rota do meio, estava ficando bom ali. Poucos jogadores gostavam de Blooder por ter lenta mobilidade, mas eu era bom com ele, sentia afinidade, talvez pela aparência do personagem, por ser considerado o mais fraco de todos, menos útil... Aquilo me fez querer ser o melhor com ele. E eu estava indo bem. Não reparei mas já estava jogando dois dias seguidos, já era domingo e eu não havia comido e nem dormido.

 O jogo já estava virando febre pela internet, e eu já estava muito bom nele, pesquisava e formava novas estrategias. Então comecei a usar um programa para conferencias por som, conheci algumas pessoas por lá.

 Comecei a sentir meus olhos pesados e então, apaguei.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Especial League of Legends - Não é apenas um jogo

O que pra alguns é apenas um jogo, para mim é uma lição de vida. Cada partida de League of Legends é uma realidade dura e cruel que quanto menos sincronizado você esta com as coisas, maior é a probabilidade de você ser um perdedor.

 Aprendemos que quando estamos fazendo algo de errado não precisamos de pessoas nos criticando, precisamos de apoio, de consideração, de uma estratégia, precisamos ter parceria conosco e com o próximo.

 Jogando esse jogo infantil fiz amigos de lugares diferentes e descobri mais sobre o mundo pela visão deles. Perdi alguns finais de semanas de bebida pra ficar em casa o Skype em uma conferencia de vídeo, todos conversando, rindo e acima de tudo, todos jogando.

 Aprendemos que quando estamos fortes precisamos ajudar os mais fracos. Ninguém é capaz de carregar todo um fardo sozinho, não existe equipe não pode ser carregada, existe equipe que não tivemos sucesso em carregar. Se você se achar melhor que as outras pessoas, você vai terminar sozinho, sem amigos, sem pessoas pra conversar, vai ser uma pessoa que todos querem distancia não importando o quão bom você seja, você não pode achar que vai vencer sempre. Todos vão perder um dia, e quando você perder, veja seus erros, veja como poderia ter melhorado e tente novamente.

 Aprendemos a ter paciência com os amigos iniciantes, afinal, eles nunca fizeram isso antes, então por que não ter paciência com os desconhecidos?

 Todos melhoram um dia, uns mais que outros, talvez o iniciante de hoje seja seu Carry de amanha. Seja humilde, aprenda a vence e saiba perder, todos passam por partidas fracassadas um dia. Não adianta culpar seu aliado, se seu aliado vacilou, fale pra ele tomar cuidado, ajude-o a melhorar e cresçam como equipe.

 Você tem o jogo dos segundos, cada segundo adiantado ou atrasado é algo que você perdeu. Nesse jogo aprendemos que cada segundo é algo extremamente necessário. Na vida se você atrasar segundos, algum momento eles viram minutos e esses minutos horas e quando você notar, já perdeu anos de vida parado, sem sabe o que comprar, sem saber exatamente onde ir, sem saber como investir seu dinheiro. Não é só um jogo, é uma vida que você perde dez minutos ou algumas horas, e essas horas vão virar anos. O que você faz com esses anos?

 O que falta para você ser melhor?

 Não apenas em League of Legends, mas também na vida. E se alguém perguntar, eu irei responder com toda minha infantilidade e pouca inocência:

 “Não é apenas um jogo”



sexta-feira, 27 de junho de 2014

O inicio

 Todos achavam fácil, todos queriam ganhar dinheiro fazendo o que faço. Ser Gamer é apenas um titulo interessante, ganhar para jogar, o que seria melhor?

 Quando você sabe que pode ganhar milhares jogando uma unica partida, seus olhos abrem e você enxerga outro horizonte. Mas a coisa não era tão fácil. Ninguém olha as humilhações, as horas perdidas, a saúde que tal esporte não lhe permite ter.


 Esse é um mundo inteiro para você se perder. Se esquecer da vida real, dos problemas reais, do contato humano. Apenas existe você, um fone de ouvido, um microfone, uma outra pessoa, ganhar ou perder.


 Lembro do meu primeiro vídeo game, minha família era pobre, então tive sempre vide-o games de gerações mais antigas. Nem tão bom, nem tão ruim, as vezes vencia as vezes perdia. Não tive amigos no colégio, então tive mais tempo para jogar, alguns colegas ate jogavam comigo. Não jogava bola, não praticava esportes, só tinha os jogos como amigos de verdade. Então eu jogava dia apos dia.


 Fui umas centenas de vezes para psicólogos, cheguei a ficar de castigo, proibido de jogar por um bom tempo. A vida da minha família foi melhorando e os jogos foram sendo um poucos mais caros e de ultima geração. Meus pais desistiram de tentar me fazer ter contatos humanos, me viram apenas como um altista ou alguém com problemas para socializar.


 Lançaram, então, aquele jogo, usamos algumas gírias em inglês e em português. Se tratava de um jogo de estrategia em tempo real, então lançaram o jogo conhecido como Liga dos Anciões. Se tratava de um jogo com vinte e um personagens diferentes. Havia um mapa consideravelmente grande, uma selva que logo chamaríamos de jungle, uma linha no topo do mapa que ficaria conhecido como top, uma linha em baixo que ficaria conhecido como bot e uma linha reta que seria conhecida como mid. Todas as linhas, rotas ou lines teria os Monstros, sendo de um lado azul e de outro amarelo.


 Era um jogo complexo para muitos no começo, muitos não se interessaram por ele. Mas eu e alguns outros se interessaram bastante e jogamos.


 Dias apos dias, aprendendo mais sobre aquele modelo de jogo. Jogar contra a Inteligencia Artificial do jogo era algo impossível de se vencer no começo, diferente de um rpg, o jogo você não subia de level na conta, todos teriam a mesma vantagem não importa o tempo que jogasse. O diferencial é a habilidade de cada jogador de forma individual e em time. Mas isso é uma historia para depois.


 Acho que posso dizer que tudo realmente começou em um dia de Maio, meu aniversario havia passado dez dias. Estava com alguns colegas do colégio, que me chamaram pra jogar com eles. Minha mãe ate havia estranhado, mas jogar era algo que eu nunca dizia não.


 -Então, que tal jogarmos Batalha Final?


 -Não, eu prefiro Lutadores de Rua Sete


 Os garotos discutiam qual jogo jogar, eu nunca havia jogado aquele console, era novo, não havia nem lançado direito no Brasil. Os jogos eram algo que eu nunca havia visto. Quando finalmente decidiram jogar Guerra por Matança, eu o pesquisei na internet.


 Guerra por Matança era um jogo de luta, você era um Espadachim, deveria destruir o exercito inimigo, o jogo podia entrar ate quatro jogadores. Eramos quatro, eu então fiquei junto do time do Gustavo, ele era o garoto mais bagunceiro do colégio, tínhamos todos entre doze e treze anos.


 Começamos o jogo, a jogabilidade no começo era ruim, mas logo entendi as funções, pela internet já sabia os golpes especiais. Rapidamente avancei para a base inimiga do time Dragão, que era comandada pelo Alfonso.


 -Não é assim que se joga, você precisa pegar dinheiro matando os soldados primeiro, assim vou te matar fácil, olha só.


 Alfonso corria com seu exercito na minha direção, peguei rapidamente o arco e flecha e acertei Alfonso, logo seus soldados arqueiros apareceram, eu corri em direção a base dele entrando no interior do seu castelo onde havia vários soldados, Alfonso corria atrás de mim. Gustavo não gostou de eu avançar.


-Não vai ter como eu te ajudar. -Gustavo bufava enquanto falava.


 Alfonso e Erick se juntaram no castelo para me pegar, porém meu personagem era o mais rápido do jogo. Enquanto corria jogava flechas. Alfonso recuou para o inicio para pegar vida nas caixas do castelo, porém eu usei um golpe especial com arco que atravessa parede, olhando sua tela pela televisão simplesmente o matei. Erick estava com um personagem grande e lento, suas flechas passavam sempre longe de me acertar, seu exercito era numeroso, porém ninguém me alcançava, quando ele foi perceber Gustavo já havia destruído a base pelo lado de fora. Alfonso então desligou o vídeo game.


-Chega, esse jogo é sem graça, vamos jogar Briga dos Deuses.


 Esse era um jogo de luta comum. Jogamos algumas partidas, perdi as três primeiras, porém peguei o jeito do jogo, já sabia como desviar, defender e quebrar defesa, logo ninguém mais me vencia.


 -Você também tem esse console em casa? - Alfonso perguntou


 -Não, só joguei agora com vocês


 -Sei, ate parece - Gustavo olhava para mim, como se eu estivesse mentindo.


 Nunca mais fui convidado para jogar com eles, logo me mudei do interior de Mato Grosso e fui para o Rio de Janeiro. Já tinha dezesseis anos.


 No novo colégio as meninas usavam roupas apertadas ate demais, os meninos eram todos iguais, usavam óculos e roupas caras. Outros só se vestiam de preto e usavam cabelos enormes. Já eu era apenas comportado, cabelos normais enrolados, sinto que tenho tendencia a ser gordo, porém não como muito. Não sou alto e talvez não seja bonito também, meu nariz pontudo poderia dar algum charme se não fosse minha testa coberta de espinhas.


 Fui convidado para jogar basquete com os outros meninos, mas eu era demasiadamente ruim. Não me atrevi a tentar, sempre inventava desculpas.


 -Hey, Jonathan - Jenifer, a menina mais linda que eu já vi. - vamos jogar?


 Eu era visto como um rapaz normal naquele colégio, as pessoas ate falavam comigo, sempre tentei ser simpático. Jenifer de longe é a menina dos meus sonhos, eu não sei o que poderia dizer para ela perceber que gosto dela, meu coração bate tão forte, minha respiração fica tão eufórica, sinto como se eu pudesse fazer tudo se ela me desse a mão... Melhor eu acordar.


 -Que jogo é esse?


 Olhei para caixa que ela segurava, era um vídeo game portatil. Havia vários jogos antigos e divertidos, Jenifer queria jogar o jogo de Ping Pong, eu nunca havia perdido uma partida daquele jogo, mas ate eu sabia que seria bom perder algumas.


 Comecei vencendo Jenifer de três a zero, ela estava um pouco chateada mas ainda tinha esperança, estava difícil perder, ela era muito ruim, mas a beleza dela era algo magnifico, logo perdi duas, ela estava mais feliz. Jogamos, nos divertimos, ela ate pegou minha mão.


 -Há, foi divertido, obrigada, depois vamos jogar mais.


 Então fui pra casa. Minha mãe estava brincando com meu irmão mais novo, meu pai estava deitado vendo televisão, talvez rezando para que seu outro filho não seja como eu.


 Quando entrei na Rede Virtual para falar com Jenifer, resolvi que aquele seria o momento. Me abri pra ela, disse o que sentia.


 Jonathan: Eu gosto de você, Jenifer, você é linda e eu, gostaria de te namorar.


 Alguns minutos depois ela me respondeu.


 Jenifer: Desculpa, mas só te vejo como amigo... podemos continuar assim?


 ... ... ... Tudo bem... sério... eu não esperava nada demais... Não estou chorando, não estou triste, um esquisitão é um esquisitão, não passa disso.


 No mesmo dia Jenifer comentava a foto de um garoto do colégio, logo em seguida eles já estavam namorando.


 -Jonathan, a janta tá na mesa - Minha mãe me chamava


 Não estou com fome, e não quero falar. Apenas fiquei em silencio. Não conseguia parar de chorar como uma menina, sou tão superficial quanto as pessoas que conheço.


 Quando reparei uma propaganda.


-O que é isso?


 Era um novo jogo, cliquei, li sobre ele, nunca havia jogado algo do gênero.


 Naquele dia minha vida iria mudar totalmente.